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domingo, 7 de dezembro de 2008

Ivan Valença e o Cine Aracaju


Comentário feito pelo crítico de cinema Ivan Valença. a respeito da postagem "Cine Aracaju", datada de 7 de setembro de 2008.

De: Data: 30 de novembro de 2008 15:33
Assunto: comentários
Enviado por: infonet.com.br
Meu caro Armando,

Recebi seus e-mails, reproduzindo seus artigos sobre os cinemas de Aracaju, que serão muito preciosos nos meus artigos. No artigo do cinema aracaju ou está enganado eu ou está enganado você. Não me lembro das trocas de poltronas, que sempre foram as mesmas, de assento azul acolchoado. Mas me parece que não havia acolchoamento nas costas. No que se refere a tela ela nunca foi trocada, sempre foi a mesma. Aconteceu que o Cinema Aracaju inaugurou-se sem ter a lente cinemascope, daí porque os filmes scope de empresas que eram exclusividades suas passavam em outra sala. então, como eram inumeros filmes em cinemascope, os baianos donos de cinema encontraram um jeito. A lente cinemascope foi fabricada especialmente para ele, para poder projetar na chamada tela panoramica, cortava um pedaço em cima e às vezes ficava muito dificil a leitura das legendas. Por isso Queiroz, quando arrendou o cinema, encontrou outra fórmula. A tela panorâmica continuou e ele mandou fazer outra lente, que enlarguecia quando o filme era em scope e ficava estreita quando o filme era comum. Acima da tela, ele colocou uma faixa de pano de veludo de modo que tinha-se a impressão que a tela era cinemascope de verdade. Quando se exibia o filme plano, ele usava a lente para tela comum. Pelo menos é isso que me lembro. Mas não descarto você de ter razão.

Ivan Valença

sábado, 13 de setembro de 2008

Saudades do Cine Palace (10)


Leia o texto ouvindo a trilha sonora de "Os 10 Mandamentos"

A cabine de projeção do Cine Palace era bem espaçosa e aclimatada e, na porta, o tradicional aviso “Proibida a Entrada”. Tinha uma escadinha e logo se via os dois projetores RCA-100, atrás dos quais havia a enroladeira, onde o operador rebobinava o carretel da parte que acabara de ser projetada. Ali mesmo, também, era feita a revisão dos filmes quando estes chegavam da transportadora, vindo de outro estado em sacos de pano, que traziam as latas de filmes, cartazes, fotos, certificado de censura e orientação para o projecionista. Em Aracaju, os filmes eram exibidos com algum atraso, muito arranhados, às vezes, cortados, com as perfurações estragadas, o que gerava muitas emendas, que se não fossem bem feitas, poderiam partir-se ou enganchar durante a projeção, ocasionando até a queima do filme. Quando isso acontecia, via-se na tela o fotograma se queimando. Nesta época as lâmpadas eram de carvão. Duas varetas opostas, que funcionavam como pólos positivo e negativo, iam se queimando à medida que as duas pontas se juntavam. Quando as mesmas se afastavam, a luminosidade enfraquecia e o filme que estava sendo projetado escurecia na tela, causando grande protesto da platéia, que batia palmas e assobiava. Outra reclamação mais comum era quando a fita tinha uma emenda mal sincronizada nas perfurações e o quadro saía do lugar, subindo e cobrindo a legenda. No Palace, antes de ser feita uma adaptação na janela de projeção, uma mesma lente servia para o formato de tela standard (pequena e quadrada) e a cinemascope (retangular, tomando toda a tela), dando um efeito bastante interessante de abertura de formato de tela, quando da passagem do cine jornal para o filme principal em cinemascope. No chão, próximo de cada um dos projetores, ficavam as latas de filmes com os rolos, ordenadas em partes, distribuídas em certa quantidade para cada projetor. Os filmes, normalmente, vinham com seis a oito rolos (partes). Outros, como Os Dez Mandamentos (1956), com Charlton Heston e Yul Brynner, com duração de três horas e quarenta e dois minutos, chegavam a ter mais de treze latas de filme (partes). Quando estava para acabar um dos rolos, o outro já era colocado e começava o trabalho de sincronização. Duas marcas no fotograma do filme, aqueles círculos nos cantos da tela espaçados por trinta segundos, eram a deixa para os operadores saberem a hora de acionar o pedal, que no caso dos projetores do Palace, ficavam na sua base, que fechava o foco do que estava encerrando a parte e abria o que iria iniciar-se, fazendo com que a sincronização fosse perfeita, não se notando a mudança de parte. Uma vez, aconteceu de um projetor quebrar e demorou a ser consertado, mesmo assim o cinema não interrompeu as sessões, só que ficava parando o filme toda vez que o rolo acabava, para mudar a parte em um só projetor. A pensar que hoje nos cinemarks da vida, além de ser um só projetor, não se usa mais carretéis, e sim grandes pratos onde se coloca todo o filme, funcionando automaticamente, só precisando do projecionista para colocá-lo, isto por enquanto, porque quando a projeção for digital e depois via satélite, aí nem projecionista terá. Cada vez mais o cinema perde a magia e o romantismo de uma época que não volta mais, deixando os cinéfilos sem seus fetiches, www.fetichedecinefilo.blogspot.com .

Armando Maynard

domingo, 7 de setembro de 2008

Cine Aracaju

Arte: Lygia Prudente

“Cine Aracaju, a melhor programação da cidade”, era esse o slogan, deste que era o menor cinema do centro da cidade, situado à Rua Laranjeiras, Aracaju/Sergipe, onde hoje existe um estacionamento. Quando foi adquirido pelo empresário José Queiroz, teve modificada toda a fachada e a sala de espera, sem que fosse preciso interromper o seu funcionamento. Ao sair da sala de espera, subindo pequenos degraus havia um grande espelho, onde as garotas gostavam de ficar se arrumando. Do lado esquerdo havia uma cigarra que servia para o porteiro avisar ao projecionista a hora de iniciar a sessão. Na sala de exibição foram trocadas também as cadeiras de madeira por pequenas poltronas com estofados no assento, encosto e braços, novidade nos cinemas da cidade. Foi trocada também a tela que era de formato acadêmico (quadrada) para cinemascope (retangular). Possuía dois projetores Philips Holandês, mono, que foram adaptados, depois, para som estereofônico. Dos filmes polêmicos que foram exibidos pelo Aracaju, três se destacaram: Laranja Mecânica (1971) com Malcolm McDowell , que por ter cenas de nudez explícita, só foi liberado depois que a companhia colocou na cópia, com recursos de laboratório, bolinhas pretas cobrindo os órgãos sexuais dos protagonistas. Isto provocava risos na platéia quando da sua exibição, pois viam-se as bolinhas correndo de um lado para o outro, na frente dos atores, a fim de cobrir os órgãos sexuais dos mesmos; O Último Tango em Paris (1972) com Marlon Brando, filme que por muitos anos, ficou proibido, pela censura, de ser exibido no Brasil; Platoon (1986), ganhador de quatro Oscars, um dos relatos mais emocionantes dos horrores da Guerra do Vietnã, dirigido pelo ex-combatente Oliver Stone; outro filme que a censura teve uma recaída, por causa das cenas de violência foi Cobra (1986) com Sylvester Stallone. Os cortes foram feitos na cabine do cinema, pelo próprio projecionista, seguindo orientações vindas de Brasília, descrevendo as cenas que deveriam ser excluídas. Na Semana Santa era sempre reprisado o filme sobre a morte de Cristo, nos Cinemas Aracaju e também Rio Branco (que era arrendado à Zé Queiroz), com uma única cópia para ambos. Por isso, era necessário que os cinemas começassem as sessões em horários diferentes, dando tempo para que um funcionário da empresa ficasse transportando, a pé e por partes, as latas do filme de um cinema para o outro (na época jovens comentavam que algum dia iam fazer com que os dois cinemas parassem, segurando o funcionário no percurso entre um cinema e outro). Dos épicos, lembro-me do filme A Bíblia... no Início (1966), de John Houston, assistido com grande desconforto, pois havia um grilo dentro do cinema. Bons tempos! Hoje o desconforto é o barulho do toque do celular.

Armando Maynard

domingo, 24 de agosto de 2008

Saudades do Cine Palace (9)

A grande tela cinemascope do Cine Palace “cabia bem” um épico como DOUTOR JIVAGO (Doctor Zhivago), 1965, Direção de David Lean, com Omar Sharif, Julie Christie e Geraldine Chaplin, vencedor de 5 Oscars, com 3 horas e 21 minutos de duração, filme de grande sucesso, com a famosa composição de Maurice Jarre, Tema de Lara na sua trilha sonora. Os épicos daquela época eram filmes longos, alguns tinham até quatro horas de projeção, e continham abertura, ou seja, após o Cine Jornal (traillers não eram exibidos por motivo do filme principal ser muito longo), e o Certificado de Censura, as luzes da sala eram acesas, a imagem na tela escurecia, começando-se a ouvir a trilha sonora do filme. Quando a mesma acabava, voltava a imagem a aparecer, com a vinheta da companhia cinematográfica, no caso a Metro Golden Mayer e aí sim, começava o letreiro, o filme propriamente dito. Todo preparativo para o espectador entrar no clima. No meio do filme, outra interrupção, a imagem escurecia, aparecia na tela: INTERVALO. Começava-se a ouvir novamente a trilha sonora quando eram acesas as luzes da sala, o que durava cerca de dez minutos. No caso do DR. JIVAGO, o intervalo acontecia na cena em que o trem entra em um túnel, e tudo fica escuro. Volta-se ao filme quando o espectador começa a ouvir o barulho do trem, a tela começa a clarear e aparece o trem saindo do túnel, encerrando-se assim o intervalo. Era um tempo em que se apreciava a sétima arte sem pressa. Não era a um simples filme que se assistia, mas a um espetáculo. Um espetáculo cinematográfico...

Armando Maynard

domingo, 10 de agosto de 2008

Cinema Vitória

O Cinema Vitória ficava no último trecho da Rua Itabaianinha, em Aracaju/ Sergipe, onde hoje é o prédio das Lojas Americanas. Dos cinemas do centro foi o primeiro a fechar. Pertencia à Ação Solidária dos Trabalhadores, Instituição ligada à Igreja Católica. Ela tinha mais dois cinemas no Bairro Siqueira Campos. O Vitória era um dos maiores da cidade, numa época em que era comum os cinemas possuírem mais de mil lugares. As cadeiras desconfortáveis, eram todas de madeira, sem estofamento algum e que faziam parte da anarquia dos jovens freqüentadores, que ao baixarem os leves assentos para sentarem-se, faziam com muita força, provocando o “bate-volta”, para causar grande barulho. Isto provocava a expulsão do anarquista do cinema, quando flagrado por policiais, cujas presenças às sessões, nesta época, era comum. O teto da sala de espera do Vitória era todo ilustrado com pinturas das logomarcas das companhias cinematográficas, como a Universal, Metro, Colúmbia, Paramount e outras. Na sala de exibição haviam seis grandes ventiladores, muito barulhentos, com hélices parecidas com as de avião. Uma vez aconteceu da hélice de um deles topar na grade de proteção, assustando a todos.
Dois filmes fizeram grande sucesso junto à família sergipana, no finzinho da década de 50: o clássico espanhol “Marcelino Pão e Vinho” (1955), com Pablito Calvo e a triologia SISSI, com a bela Romy Schnaider - Sissi (1955), Sissi, A Imperatriz (1956) e Sissi e seu Destino (1957). Épicos que foram sucessos de bilheteria em sua grande tela cinemascope: Spartacus (1960) com Kirk Douglas e Exodus (1960), com Paul Newman, com uma trilha sonora marcante. O Vitória exibia muitos faroestes, mas, dois clássicos do gênero ficaram na memória de todos, até pelas suas trilhas sonoras: Sete Homens e um Destino (1960), com Yul Braynner, e Três Homens em Conflito (1966), com Clint Eastwood. Logo depois que foi extinta a censura no Brasil, o Vitória passou a ter a qualificação dada pelo Órgão Censor de “Cinema Especial” e passou a exibir filmes que continham cenas de sexo explícito, como o Império dos Sentidos (1976), que gerou grande curiosidade e polêmica, ficando mais de um mês em exibição, fato inédito em Aracaju. Vinha gente de todo o interior do estado para assisti-lo. Outro, foi “Calígula” (1979), com Malcolm McDowell.
Grande êxito de público, também, foi o filme nacional “Dona Flor e seus Dois Maridos” (1976), com Sônia Braga.
Uma das companhias exclusivas do Cinema Vitória era a Condor Filmes, cuja vinheta de apresentação provocava uma anarquia entre os jovens e alguns adultos, que começavam em coro a fazer: xô, xô, xô, como se estivessem espantando o condor, que estava na imagem da tela, pousado, e logo alçaria vôo, desmanchando-se graficamente, transformando-se ao mesmo tempo na palavra apresenta, quando já se podia ver na tela os dizeres: Condor Filmes Apresenta. Na sessão da tarde, sabia-se do seu início, quando o funcionário começava a fechar as portas – e olha que era uma quantidade enorme de portas – as luzes da sala acendiam-se e logo sem seguida, ele subia a escadinha do lado direito do pequeno palco, para abrir, manualmente, a cortina. Neste momento um comercial da loja de discos “A Sugestiva”, era ouvido no auto-falante da tela. A sessão ia ter início. Já se podia ver a vinheta do cine jornal da Atlântida e, logo em seguida, a da Universal, ambas exclusivas do Cinema Vitória.

Armando Maynard

domingo, 27 de julho de 2008

Saudades do Cine Palace (8)

O Palace era de propriedade de Paulo Dantas, e foi inaugurado com a exibição do filme Sete Noivas para Sete irmãos. Mas o primeiro filme que eu lembro de ter assistido, no mesmo, foi O HOMEM QUE SABIA DEMAIS (1956), direção de Alfred Hitchcock, com James Stewart e Doris Day, que canta a música tema Que será, será, Oscar de melhor canção, um dos momentos mais emocionantes do filme. Outra cena marcante, é quando, em um Teatro, acontece um atentado com arma de fogo e o barulho do tiro é abafado pelo batimento dos pratos da orquestra que se apresenta naquele momento, gerando um suspense, enfatizado pelo projecionista com o aumento do som, a fim de assustar os espectadores. Outro filme de suspense no qual foi usado o mesmo recurso, pelo projecionista, foi O EXORCISTA (1973), direção de William Friedkin, com Linda Blair e Max Von Sydow, filme ganhador de dois Oscars. Quando da sua exibição gerou grande expectativa e era motivo de comentários e polêmicas na comunidade católica. Na época, falava-se dos sustos que se tomava em algumas cenas. Bons tempos aqueles que, para nos assustarmos, era preciso entrar no cinema. Hoje nos assustamos quando saímos dele...

foto e texto de Armando Maynard

sábado, 5 de julho de 2008

Cine Rio Branco


O Cine Rio Branco ficava no segundo trecho da Rua João Pessoa, hoje calçadão, no centro da cidade de Aracaju/SE. Foi inaugurado em 1913. Era um dos mais antigos cinemas do Brasil. Antes chamava-se Teatro Carlos Gomes, depois passou a ser denominado Cine Teatro Rio Branco e, após alguns anos, ficou somente Cine Rio Branco. Era de propriedade do Sr. Juca Barreto. Foi tombado pelo patrimônio histórico e depois “destombado”, coisas de Sergipe. Demolido sob protesto da classe intelectual sergipana, hoje funciona no local uma loja de tecidos. No século passado grandes artistas como Procópio Ferreira , Bidu Sayão, Tito Shipa e muitos outros se apresentaram em seu palco. Suas visitas ficavam registradas através de placas de mármore afixadas em suas paredes. Na década de 80, quando o cinema estava arrendado e já em total decadência, só exibia filmes pornôs. Era o único cinema da cidade a possuir duas cortinas, uma vermelha de veludo, afastada da tela e outra branca e fina encostada na tela. Esta mesma tela era de formato cinemascope, muito grande, e côncava, detalhe este ressaltado quando da divulgação de filmes, pelo carro de propaganda, ao anunciar pelas ruas da cidade: “ Assista hoje na tela côncava e cinemascope do Cine Rio Branco, o filme Suplício de Uma Saudade” (1955). Houve época em que a programação do Rio Branco era uma das melhores da cidade, superando de longe a dos outros cinemas. Lembremos alguns filmes : O Manto Sagrado - 1953 (filme que lançou mundialmente o formato cinemascope), A Volta ao Mundo Em 80 Dias - 1956 (cuja música tema era usada como prefixo do cinema), A Ponte do Rio Kwai (1957), Os Canhões de Navarone (1961), El Cid (1961), Lawrence da Arábia (1962), Cleópatra (1963), sendo este um dos filmes mais longos desta época, com quatro horas de duração. Pensem, assistir este filme, à tarde, em um cinema do lado do sol, sem ar condicionado. Tempos que para ver um bom filme, você tinha que suar a camisa literalmente. Um fato curioso aconteceu durante uma sessão: um espectador sentiu um cheiro de queimado, e gritou que estava havendo um incêndio. Correria total, pé na porta (que dava para a rua) para que a mesma se abrisse. Mas foi alarme falso, e aí voltaram todos e mais alguns transeuntes que iam passando na hora, e aproveitaram para entrar de graça no cinema. Um dos primeiros avisos que a sessão já ia começar, era quando acendiam-se as luzes da sala e o funcionário começava a fechar as portas laterais. Este mesmo funcionário era encarregado de pintar coloridos painéis, os quais eram ilustrados com fotos e cartazes dos filmes, e ficavam expostos próximos ao cinema, ao lado da Igreja de São Salvador, na Rua João Pessoa.
Armando Maynard

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Saudades do Cine Palace (7)


Quando do lançamento de um filme, em salas de cinema, alguns materiais são usados para sua divulgação, como : trailer, fotos ( hoje em desuso, usa-se mais os grandes painéis de papelão com suportes para que fiquem em pé, expostos nas salas de espera ou nos corredores dos Shoppings), banners, spots para rádios e tvs, mas o que sempre foi, e até hoje continua sendo adotado pelos multiplexes de shoppings, são os cartazes ou posters, que são usados também em facsimile, para publicidade em jornais e revistas. O cartaz, é uma peça que tem valor artístico reconhecido, que hoje é motivo de exposições em galerias, sendo também uma grande referência do filme, ficando na memória do espectador. Os cartazes, dependendo da autorização dos produtores do filme e por força de lei de cada país que o filme será exibido, ganha características próprias , sendo as vezes totalmente modificados. No Cine Palace na parede externa da sala de exibição, que ficava pela Travessa Benjamin Constant, havia três dispositivos grandes, embutidos na parede,com porta de vidro, para colocar cartazes/posters, dentro do padrão da época. Alguns que ficaram na memória; E o Vento Levou...(1939), quando reprisado , Sete Noivas para Sete Irmãos (1954) - filme que inaugurou o cinema e que foi posteriormente reprisado, A Face Oculta (1961), E T – O Extra Terrestre (1982), Amadeus (1984) e O Último Imperador(1987).
Armando Maynard

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Saudades do Cine Palace (6)


A direção do Palace era muito criteriosa na escolha de sua programação. Filmes como Dr. Jivago, Ben-Hur, Os Dez Mandamentos, O Homem Que Sabia Demais, Candelabro Italiano e Dio Come Ti Amo, mostravam a diversidade e o cuidado na seleção. Um dia eles erraram feio. A estréia de filmes no Cine Palace era sempre aos domingos e a primeira sessão era a coqueluche da cidade, quando se reunia toda a juventude. Domingo tinha que ter um novo filme, pois ir ao Palace, nesse dia, era sagrado, tal como ir à missa. Lançaram então, um filme musical mexicano. Como o aval era dado pela primeira sessão, a das 14 horas, o mesmo não foi aprovado, porque era um “abacaxi de primeira”. A anarquia dos espectadores foi generalizada. À cada cena musical, a platéia assoviava, gritava, ou começava a cantar sucessos da época, como as músicas de Roberto Carlos. O projecionista, a fim de conter a bagunça, acendia as luzes da sala de exibição, a platéia se acomodava e, quando as luzes eram apagadas, tudo recomeçava. De tanto acender e apagar, o mesmo resolveu deixar acesa todas as luzes da sala, até o final da sessão. Na segunda feira, o filme não estava mais em cartaz.
Armando Maynard

quinta-feira, 19 de junho de 2008

FETICHE DE CINÉFILO

Armando Maynard

terça-feira, 17 de junho de 2008

SAUDADES DO CINE PALACE (5)

Na porta, uma grande fila. O filme em cartaz era "DIO COME TI AMO". O cinema, aos poucos, ia completando a sua lotação. As meninas guardavam os lugares dos "paqueras" ou dos já namorados, mas o aviso pelos auto-falantes logo viria: "A Direção do cinema avisa que não é permitida a reserva de lugares". Começava a correria para pegar as cadeiras que antes estavam sendo guardadas. O cinema já estava lotado e na Bilheteria o aviso: Lotação Esgotada. Lá fora, outra fila já se formava para a sessão das quatro horas. E aí, outro aviso vinha das caixas de som da tela: "Atenção Senhores espectadores, após o término da sessão, o cinema será totalmente evacuado". Gritaria total na sala. Rolo de papel higiênico passando pela cabeça dos espectadores, desenrolando-se como serpentina em carnaval. Bolinhas de papel de balas eram jogadas na cabeça das meninas, chicletes eram colados embaixo do assento e braços das cadeiras. O cheiro do ar condicionado, misturado a diversos perfumes, contagiava o ambiente. O senta-levanta, o entra-e-sai para beber água ou comprar balas de hortelã dulcora, estava para terminar. O filme já ia começar...

Armando Maynard

terça-feira, 10 de junho de 2008

SAUDADES DO CINE PALACE (4)

"Cine Palace - o palácio dos grandes espetáculos anuncia para hoje, na matinée, às duas e às quatro e, na soirée, às sete e às nove horas, o filme Candelabro Italiano. Cine Palace - um ambiente deliciosamente refrigerado." Era assim que anunciava o carro de propaganda pelas principais ruas da cidade. O dia era domingo - dia dos três "pês" ( praia, PALACE e praça). A praia era o Balneário de Atalaia. Ia-se às nove horas, para voltar, impreterivelmente, às doze horas, motivado pela primeira sessão do Cine Palace que começava às duas da tarde. Aliás, nesta época, somente ele tinha quatro sessões aos domingos, na matinée, às duas e quatro horas e, na soirée às sete e às nove horas. Havia um intervalo de uma hora, da última sessão da tarde para a primeira da noite. Depois é que surgiu, por toda a semana, de segunda à domingo, as famosas sessões contínuas, que eram às quinze, dezessete, dezenove e vinte e uma horas. Antes, todos os cinemas do centro, só tinham duas sessões, mesmo aos domingos - à tarde às três e quinze e à noite, às sete e quarenta e cinco. Até hoje, me pergunto: por que não às três e às sete e meia? Esses quinze minutos além do redondo da hora, sempre me intrigaram...

Armando Maynard


domingo, 8 de junho de 2008

quarta-feira, 4 de junho de 2008

SAUDADES DO CINE PALACE (2)

O Cinema Palace funcionou até o fim da década de 90 , na esquina da Rua João Pessoa, hoje Calçadão, com a Praça Fausto Cardoso, no centro da cidade de Aracaju/Sergipe. Foi o primeiro cinema da cidade a ter ar-condicionado, cortina motorizada e cadeiras estofadas ( é bem verdade que somente estofadas no assento). O prédio ainda está intacto. Na sala de exibição, adornam as paredes laterais os desenhos do artista plástico sergipano Jenner Augusto (1924 - 2003 ), até hoje preservados. Obra considerada patrimônio da cultura sergipana. Logo que o cinema encerrou suas atividades, o prédio abrigou um Bingo, hoje fechado. Agora é torcer para que uma construtora não o adquira e resolva implodi-lo. Aí, a saudade vira poeira.
(Continua...)
Armando Maynard

terça-feira, 27 de maio de 2008

ENTRE DOIS AMORES


A versatilidade do cineasta Sidney Pollack atrelada à sensibilidade percebida nas emoções que conseguia produzir, torna a perda mais doída. Cineasta com grande visão, sabia buscar o sucesso de público e, consequentemente, muitos prêmios, dirigindo com maestria, drama, suspense e comédia. Muitos foram os seus filmes de sucesso e dentre eles: Tootsie, uma comédia clássica e a Noite dos Desesperados, um dos mais elogiados. Nada comparado com Out of África ( Entre Dois Amores).
Em Entre dois Amores, Robert Redford, um sedutor caçador e Meryl Streep, uma baronesa casada com um mulherengo incorrigível, são os principais personagens de uma fascinante história verídica de Karen Blixen (a baronesa), mulher de coragem que dirige uma plantação de café no Quênia.
É, sem sombra de dúvidas, o filme mais sentimental de Pollack. Premiado com 7 Oscars, entre eles o de Melhor Filme e Direção, a trama torna o momento inesquecível quando Redford convida Meryl para voar com ele por sobre a paisagem africana. O êxtase provocado pela beleza do passeio, faz com que os dois se dêem as mãos e, acalentados por uma trilha sonora espetacular ( John Barry - Theme Out of Africa), levam os espectadores a um delírio contido.
Enfim, é um filme sobre a vida, o amor, a paixão e a perda, e por isso mesmo, encantadora história de amor.
Lygia Prudente

sábado, 24 de maio de 2008

SAUDADES DO CINE PALACE

O RITUAL MÁGICO E SAUDOSO DA SESSÃO DO CINE PALACE, NOS ANOS 60.

Ao som do prefixo musical "Ebb Tide" (Maré Baixa), algumas luzes da sala diminuiam a sua luminosidade gradativamente e outras, apagavam-se, permanecendo somente a tela iluminada com as luzes brancas. Soavam então, as três badaladas do gongo eletrônico. Todos ficavam em silêncio e, no palco, começava o jogo de luzes: para cada badalada, acendiam-se, dos dois lados do pequeno palco, fachos de luz nas cores verde, azul e, por último, vermelha, que iluminavam toda a tela. Havia uma fileira de lâmpadas, também vermelhas, na frente da mesma. Iniciava-se a projeção : primeiro, o Cine-Jornal. Lentamente, a cortina motorizada (acionada pelo projecionista na cabine), abria-se, de forma a permitir a projeção do Jornal. Já se podia visualizar, na tela, o Certificado de Censura. Só nesse momento, apagavam-se as luzes vermelhas, e a música do prefixo silenciava. Após a exibição dos traillers, quando do início do filme, abria-se mais a cortina, de acordo com o formato do mesmo: vistavision (adaptado) ou cinemascope. A abertura do ascope era feita lentamente, abrindo a lente aos poucos até ocupar toda a tela. Quando o filme dava mostras de que já ia terminar, e antes de surgir na tela o The End, as luzes vermelhas voltavam a ficar acesas, seguidas das luzes brancas do palco, e, finalmente, toda a sala ficava iluminada, quando a cortina fechava-se, lentamente, ao som da música Afrikaan Beat.
Armando Maynard