domingo, 3 de março de 2013

A cordialidade e a gentileza na contemporaneidade


A cultura tem as suas especificidades, variáveis com os costumes locais. Até aí, tudo bem! Mas no nosso cotidiano, o exercício de bons hábitos está ficando, notadamente, escasso. E o que seria “bons hábitos”, alguns poderiam questionar? E eu diria: a prática de valores considerados universais, tal a relevância que têm nas relações e na convivência entre pessoas.  “Bom dia”, “por favor”, “com licença”, “desculpe”, “até logo” são expressões valorosas, raramente empregadas nos dias atuais. Podemos dizer que houve um retrocesso no trato social ou a contemporaneidade está acatando como natural essa frieza e esse isolamento no lidar com o outro. Pela minha vivência em escola, percebo que a educação doméstica está perdendo a sua escala de valores, naturalmente, em decorrência de vários e diversos fatores, a exemplo da necessidade de subsistência da família e o compromisso com o trabalho dos pais que, assim, estão afastados, por muito tempo, do dia a dia dos filhos. A escola tem assumido, por imposição da explícita necessidade, simples rotinas como ensinar a limpeza bucal, a postura nas ocasiões solenes, a dirigir-se ao outro respeitosamente, a importância da higiene pessoal, e outros e outros hábitos que eram, são e devem continuar sendo, de incumbência da família. Então, a incivilidade está sustentada na educação recebida pelo indivíduo na sua formação, porque a modernidade não pode carregar esse fardo. Os limites éticos precisam ser trabalhados rotineiramente, não só na escola, mas nas empresas através da disseminação da gentileza e cordialidade, a fim de melhorar o marketing pessoal e, consequentemente, o ambiente de trabalho. A amabilidade sinaliza a boa educação. Como diz o provérbio: “As palavras amáveis e delicadas são como o mel; fazem bem à alma, dão saúde à vida.”

Lygia Prudente

domingo, 9 de dezembro de 2012

FESTAS NATALINAS


O dia 8 de dezembro era o início do período natalino envolvendo a todos no clima festivo de final de ano. Minha mãe costumava enfatizar que não era feriado, e sim um dia santo, dia dedicado à Nossa Senhora da Conceição, padroeira da nossa cidade – Aracaju. Existia todo um ritual de tradições que seguíamos à risca. O clima de excitação e euforia para as crianças e jovens começava nos preparativos para o mês de dezembro. A compra do que vestiríamos nas três datas mais importantes, Dia de Nossa Senhora da Conceição, Natal e Ano Novo. Obrigatoriamente, vestíamos roupas novas. Como o comércio oferecia poucas opções, duas lojas destacavam-se com produtos de qualidade: Drenier Cri Magazin e A Moda. Lembro-me bem, do dia das compras com minha mãe. O meu pai lá estava na hora do pagamento. O cheirinho da roupa nova vem à tona e me traz agora recordações que jamais se apagarão, como a alegria e riqueza de viver em família e a condição de poder usufruir e alimentar esses costumes. Crescemos e as lembranças nos possibilitam disseminar dentre os jovens integrantes o valor das tradições e da continuidade dos ensinamentos. 

sábado, 9 de junho de 2012

Tradição junina (2)




As fogueiras já começam a esquentar as noites juninas, convidando a todos a adentrar no arraial e lá envolver-se na magia dos hábitos e costumes da nossa terra, carregados de conteúdos simbólicos e afetivos. Aprendi muito cedo, com os meus pais, a alimentar o gosto pelas festas juninas e criei os meus filhos no exercício das nossas tradições. Nutria um prazer enorme em cumprir, à risca, os hábitos aprendidos na infância e preparava todo o ambiente para a comemoração do São João, inclusive vestindo os meus filhos a caráter, cujas roupas eram por mim idealizadas e confeccionadas. A rua em que moramos sempre foi muito movimentada, porque nela moravam e ainda moram famílias antigas no endereço e, coincidentemente, com filhos na mesma faixa etária, o que proporcionou a intimidade maior entre todos e uma festa completa e muito animada. Depois que “as crianças” casaram e se foram para a nova vida, houve uma certa ruptura no calendário festivo da rua, porque elas, as “crianças”, eram a razão de toda animação. Estamos, ansiosamente, aguardando a geração dos netos – que já chegam aos poucos - desses moradores, para um novo ciclo junino. Assim, e mais uma vez, as lembranças não nos deixam, e entre nós moradores que compomos a geração “antiga”, falamos muito disso tudo e sentimos saudades dos tempos áureos dos festejos juninos na nossa morada: a falta de fogueiras em todas as portas, a animação das quadrilhas improvisadas, do café da manhã que preparávamos para os filhos que passavam a noite no arraial instalado no meio do trecho, e de todos, sem distinção, reunidos em torno do calor humano proporcionado pelo calor da fogueira e da partilha de momentos tão bons. E viva o São João, a festa maior do nordestino que se preza! 


Tradição junina (1)




Que felicidade ter o que recordar e disseminar entre as gerações que nos sucedem. Essas recordações orientam os nossos sucessores, descendentes, ao entendimento dos nossos costumes, o porquê de como somos, a riqueza da nossa comida. Uma lembrança, em especial, nos devolve a alegria do tempo passado e faz o nosso coração bater mais forte – os festejos juninos. Tanto na cidade – Aracaju – quanto no interior do estado – Sergipe – as festas juninas eram ansiosamente esperadas, e, em determinados pontos da cidade, eram erguidos os “arraiás”, logo no mês de maio, criando o clima junino já próximo e as músicas começavam a invadir as casas, trazendo à tona o “xote”, o “forró” (o verdadeiro e puro), e voltávamos a ouvir o Luiz Gonzaga e tantos outros que embalavam as noites de Santo Antônio, São João e São Pedro. O que de bom guardamos como lembrança, acaricia o nosso coração porque, além de trazer de volta a nossa juventude, traz também as pessoas queridas que não estão mais, fisicamente, conosco. Lembro muito  bem de como eram comemoradas essas datas na minha infância. Éramos três irmãos e os meus pais preparavam todo o clima. À minha mãe, cabia o preparo das guloseimas próprias da ocasião e a indumentária, com as tradicionais roupas caipiras. Os dois meninos, vestiam calça com remendos, camisa quadriculada enriquecida pela jabiraca de cor contrastante, chapéu de palha e botas; para mim, vestido amplamente rodado, com anáguas engomadas para dar corpo ao vestido que era ornado com bicos, rendas de feira e rendas de “bilro” e fitas coloridas. Nos pés, geralmente, tamancos coloridos ou sapatilhas coloridas, comprados no mercado. Na cabeça, ora era um chapéu de palha enfeitado, de onde saíam duas tranças postiças com laços de fitas, ora eram fitas que davam acabamento a um “rabo de cavalo” ou mesmo flores de papel, no cabelo longo e solto, tornando a caipira mais brejeira. A meu pai cabia a estrutura física: um mastro (geralmente era um pé de mamona trazido de um terreno baldio próximo à nossa casa) e a fogueira, que proporcionava calor às noites juninas, em geral chuvosas e “frescas”. As comidas típicas tinham lugar de destaque na festa e correspondiam à expectativa dos sabores: bolo de milho e de macaxeira (mandioca) eram os preferidos. Também o milho cozido, amendoins, cocada, canjica e mungunzá. O cheirinho bom emana da história e perpassa na linha do tempo. Os fogos, meu pai os comprava com muita antecedência e os guardava a “sete chaves” em um quarto na dispensa que ficava no quintal da casa. No dia, ele preparava, cuidadosamente, um desses fogos que era uma roda que girava espalhando faíscas coloridas de muita beleza. Ele, para nos proteger de queimaduras, pregava na ponta de um cabo de vassoura (guardado durante o ano de vassouras velhas, para esse fim) e, assim, poderíamos usufruir da brincadeira sem problemas. Muita saudade. Essas pessoas fizeram-nos – a mim e a meus irmãos – muito felizes. Nas pequenas coisas que nos proporcionavam. E muito mais quando nos ensinaram a agir assim mesmo com os nossos filhos e tudo isso mostra como é importante que alimentemos as nossas tradições, propalando e disseminando entre os jovens, os hábitos e costumes que tínhamos e vivenciávamos enquanto crianças.

domingo, 15 de abril de 2012

Aprendendo com Shakespeare !




Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. 

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. 

Portanto... Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! 

William Shakespeare


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Relembrar é viver


Impressionante como há uma necessidade por parte das pessoas – naturalmente camuflada pela “peleja” do dia a dia – de rever e retomar relações de amizade ou coleguismo de outrora, numa busca inconsciente de reviver momentos doces da juventude. O grupo ATHENEU SERGIPENSE, no Facebook, é uma prova incontesti do que digo. A adesão à proposta de Wagney Aragão Souza foi surpreendente e trouxe para os integrantes do grupo, um significado, uma possibilidade de trocar “figurinhas” como fazíamos antes, na fase da adolescência.  Embalados pelo clima completamente democrático, cantamos as nossas alegrias em reconhecer pessoas e trazer à tona, do fundo do baú, fatos pitorescos acalentados pelas memórias e lembranças. Na verdade, para alguns, o gelo já quebrou e usufruem da oportunidade deixando os demais na vontade, até pelo temperamento retraído. O importante é que, aos poucos, todos acabam marcando presença e se manifestam, adquirindo assim, a autoconfiança e a segurança de que ali, naquele ambiente, todos são iguais e têm vivências tão relevantes quanto a dos outros, sendo respeitados de igual forma, independente de classe social ou qualquer outra coisa.  A maravilha de nos descobrir novamente massageia o coração, eleva a auto estima e diverte acima de tudo. Nesse mundo tão conturbado e mecanicista que vivenciamos hoje, o grupo assume as características de uma ilha da fantasia que nos oferece a água da fonte da juventude, dando um sentido diferente às nossas horas de folga. As fotos compartilhadas então, são um tesouro de tão reais e nos provam que tudo efetivamente aconteceu.  A Festa dos ex-alunos do Atheneu de 2011, terá, com certeza, um outro significado, pela “concentração” para o desfile já vivida meses antes, com tanta empolgação, alegria, espontaneidade e saudosismo. 

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Renascer Fortalecido

“Não tenha medo do novo, adote atitudes diferentes em seu dia a dia, por menores que pareçam. Faça caminhos que não conhece, penteie os cabelos de outro modo, converse com desconhecidos e inclua novos hábitos em sua vida.”
                              Carlos Alecrim – Revista Bons Fluidos nº 145


Pois é! Com a vida estafante que levamos, sentimos necessidade de buscar alternativas que nos levem sempre a, antes de mais nada, nos gostarmos. Só assim poderemos partilhar com alguém a alegria, disseminando o bem estar para quem de nós se aproxima, expandindo assim o nosso círculo de convivência. Não estamos falando de sermos hipócritas e sim de emanarmos bons fluidos, positivo nas relações estabelecidas. Estarmos de bem conosco parte da adoção de hábitos saudáveis, de sentimentos puros e, de reflexões diárias, que nos permitem julgar as nossas próprias ações. O travesseiro e a oração são muito bons para isso. Por maiores que tenham sido nossos problemas naquele dia, busquemos neles o crescimento. Toda essa volta é para lembrar que o período que antecede a Páscoa nos remete, naturalmente, à reflexão que culmina com um “eu” renascido, porque ao nos analisarmos, contritamente, estaremos nos transportando a um novo patamar de amadurecimento. Uma Páscoa Feliz para todos!
Lygia Prudente