Nunca foi tão fácil ter acesso às informações em tão pouco tempo. Evidentemente, tudo isso advém das transformações de ordem política e econômica mundial que, nos últimos tempos, vem acontecendo, favorecendo a integração dos mercados numa "aldeia-global", explorada pelas grandes corporações internacionais. Há, incontestavelmente, uma uniformização das informações - provocada pela crescente popularização dos canais de TV por assinatura e pela internet - fazendo com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e incidam numa certa homogeneização cultural entre os países. As facilidades na comunicação e nos transportes, favorecem a instalação de fábricas, pelas transnacionais, em qualquer lugar do mundo, onde existam as melhores vantagens fiscais, mão-de-obra e matérias-primas baratas. Por conta disso, a concorrência internacional tem, a meu ver, obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e qualidade alta para os seus produtos, o que vem eliminando vários postos de trabalho, em consequência da automação de vários setores, em substituição à mão-de-obra humana. Sabe-se, porém, que milhares de empregos são extintos, e, no entanto, criam-se outros pontos de trabalho e novas oportunidades surgem a exemplo da área de informática. Todavia, é bom ressaltar, essa nova demanda dificilmente absorverá os excluídos, considerando que os empregos emergentes exigem um alto grau de qualificação profissional. Consequentemente... raciocinemos juntos: o desemprego tende a se concentrar nas camadas menos favorecidas, com baixa instrução escolar e pouca qualificação. É impossível não se constatar que no mundo internacionalizado o que mais há é desemprego. E quem fica à margem do crescimento e das oportunidades, está condenado ao atraso e à miséria. O sistema de globalização tomou vulto produzindo coisas supostamente boas e baratas, vendidas numa escala planetária, fabricadas em grande parte por robôs. Todavia, para desencanto de uma grande maioria da população, o fato de todo este processo de transformação provocar a extinção de empregos e redução do poder de compra de assalariados, não haverá muito quem possa comprar a tal produção fantástica de reluzentes carros e computadores multimídia. Outro aspecto negativo embutido no processo de globalização, refere-se ao desaparecimento das fronteiras nacionais, provocando um descontrole sobre a política econômica interna, repercutindo, direta ou indiretamente no emprego e na renda do assalariado. Portanto, as minhas colocações fundamentaram-se em leituras e acompanhamento dos acontecimentos diários que mostram claramente que o processo de globalização em marcha, acabou com os limites geográficos, inegavelmente, mas não eliminou a fome, a miséria e os problemas políticos de milhões de globalizados, até porque há uma saturação do modelo desenvolvimentista atual, pelo fato de não atender às necessidades da população de baixa renda e por não proporcionar a elas, condições mínimas de dignidade e de decente sobrevivência.
Lygia Prudente
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