domingo, 28 de dezembro de 2008

Tin...tin... para o Ano Novo – crendices que alimentam a tradição!

Procuramos sempre saudar o Ano Novo com um brinde, na esperança de que aquele momento de euforia se perpetue. Para que você faça o seu “tin...tin...” consciente, é bom que saiba que a palavra BRINDE é de origem alemã que traduzida significa “OFEREÇO-TE” e o hábito desta manifestação teve início na antiguidade entre os saxões, ao passar o copo (um único copo) de mão em mão, para que todos compartilhassem o conteúdo, partilhando assim os seus desejos. A bebida, para eles, tinha poderes mágicos e o que naquele momento fosse desejado, aconteceria efetivamente, diferentemente de hoje, quando já não se acredita na magia que a bebida oferece, mantendo somente o sentido de comunhão, apesar do uso de taças individuais (tornando-se o costume muito mais higiênico). O “tin...tin” (tocar os copos levemente) representa os cinco sentidos : visão, olfato, tato, paladar e audição, tornando o prazer mais completo. Pode-se, entretanto, apenas erguer o copo em silêncio e brindar com qualquer bebida, inclusive água, até porque diz muito mal da pessoa, quando ela se recusa a participar de um brinde; acabar com a bebida após o brinde com um só gole; pousar a taça na mesa sem tomar um só gole e brindar com o copo vazio. Quanto ao uso do branco na virada, o costume varia muito de país para país: entre nós, esta cor lembra a paz e a pureza; para outros remete à morte, ao luto, a exemplo dos orientais. A sabedoria popular diz que as cores usadas na passagem de um ano para outro, influencia o destino de cada um e acredita que para quem busca a paixão, a cor vermelha é a ideal. O amarelo, que tem a cor do ouro, atrai dinheiro, como comer doze uvas verdes à meia-noite do Ano Novo e colocar três caroços de romã dentro da carteira no dia de Reis, é bom para ter dinheiro em todos os meses do ano. Enfim, o desejo de renovação está muito presente em todos pela ansiedade por boas mudanças, expressando isso através de rituais como desfazer-se de roupas e objetos envelhecidos. Também é hora de dar vazão às superstições: pular sete ondas, comer uva ou romã no dia 31 de dezembro, sal grosso na decoração do reveillon, para espantar mau-olhado. É a hora de todos vestirem branco no Brasil, numa expectativa de paz, de luz e também para reverenciar Iemanjá, a mãe dos Orixás, em grande parte do seu extenso litoral, acendendo velas e jogando presentes ao mar. Na verdade, o que se pretende com estas práticas, é propalar os hábitos e costumes que representam a nossa tradição, não importando se as superstições geram resultados, e fortalecer o desejo de começar o ano com o pé direito, com alegria, mesa farta e em família. E, se você mora no litoral, por que não levar rosas brancas e perfumes para jogar com muita fé nas águas? Se nós temos o poder interior de transformar – na medida do possível - o nosso dia conforme o nosso espírito, por que não... Feliz Ano de 2009 ?
Lygia Prudente

2 comentários:

Daniel Savio disse...

Lindo texto.

E tin tin para você Lygia, bem como para o Armando.

Fiquem com Deus, amigos.
Um abraço.

PROFESSORA ELISABETE MORAES disse...

Um brinde a você, Lygia, pela paixão à escrita, pela competência em articular as palavras com bastante maestria. Você é 10. Tin...tin a sua competência linguística-textual;
Beijo!