domingo, 1 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher (1)

Ferro à Carvão, Fogão à Lenha: o Ranço da Emancipação

Sem feminismo improcedente, continua em andamento, inegavelmente, a equiparação entre os sexos, em casa, na escola, no trabalho e na política, fundamental no processo de modernização da sociedade brasileira. Essa ampliação da participação feminina em todos os níveis, alarga e enriquece, torna mais honesto e transparente o desenvolvimento sócio-político. A mulher está encontrando o seu espaço e... sozinha. Freud, o pai da psicanálise perguntou certa vez: “Mas, afinal, o que querem as mulheres?”. Para o homem, a mulher sempre foi um enigma, e a sua falta de sensibilidade para decifrá-lo, levou-o a produzir esteriótipos que moldaram durante séculos a imagem da mulher como aquele ser que não evoluiu plenamente, uma versão frágil e mal-acabada da espécie humana. Sexo frágil? Que nada! Hoje elas estão revolucionando o mundo, governando países, viajando ao espaço, são maioria nas universidades, decidem eleições, dirigem empresas e quebram recordes esportivos. É importante salientar que o ser homem e ser mulher, tende a variar em função de épocas e culturas. A fixação de qualidades caracteristicamente femininas ou masculinas é uma clara conseqüência de divisão de papéis convencionada pela sociedade. O filósofo grego Aristóteles definia a mulher como “um macho mutilado”. Santo Agostinho, em um dos seus sermões dizia: “Homem, tu és mestre, a mulher é tua escrava, Deus assim o quis.” Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica : “Como indivíduo, a mulher é um ser medíocre e defeituoso”. Na Renascença, as mulheres foram sistematicamente impedidas de ingressar no mundo do saber. A dicotomia entre vida pública - reservada ao homem -, e vida privada – a cargo da mulher -, acabou se tornando uma armadilha que limitou a realização de ambos. Descartar a participação da mulher, teve conseqüências drásticas para o nosso mundo ocidental, poderoso, eficiente e também tão frio, duro e violento! Num primeiro momento, a mulher lutou por igualdade de direitos com o homem estabelecendo assim uma competição. Porém, recentemente, ela está se dando conta do seu poder de ação, elevando assim a sua auto-estima, promovendo os seus valores e substituindo a competição pela interação e cooperação. A nova mulher tem a coragem de encarar seus próprios medos, desejos, conflitos, e esse amadurecimento, digamos assim, lhe permite aceitar – de forma mais maleável – os do homem. Ela está sensitiva às oportunidades para expor o seu talento natural como predisposição para relacionamentos e habilidade de comunicação. Assim, passou a ganhar maior fatia do mercado de trabalho, assumindo postos de chefia em cargos outrora essencialmente masculinos. As mulheres conseguiram marcar presença e impor uma identidade como executivas, políticas, e hoje proliferam-se como internautas. Aquelas viciosas “Amélias” – treinadas para cuidar da casa, marido e filhos, somente, dependente em tudo do companheiro que escolheram por elas – não mais são o comum, porque há vontades e desejos exteriorizados e a salutar manifestação da realização profissional aflorou. As responsabilidades aumentaram, com certeza, porque abarcaram para si mais tarefas, mais compromissos – serem mães, mulheres, donas-de-casa, executivas, escritoras, artesãs, etc., etc., etc. -, com uma jornada de trabalho mais pesada, entretanto... mais prazerosa, por serem elas mesmas. Os exemplos de mulheres, que descobriram o seu valor enquanto pessoa, são vários na nossa história: Chiquinha Gonzaga, a primeira a reger uma orquestra no Brasil, por volta de 1879; Deolinda Daltro, professora, fundadora do Partido Republicano Feminino, em 1917, comandou uma passeata exigindo o direito de votar; Em 1822, na Semana de Arte Moderna, Anita Malfatti introduziu o Modernismo nas artes; Na política contamos com uma representação feminina bastante significativa em números, mas, infelizmente, com uma participação ativa no Plenário ainda muito tímida, mas temos responsabilidade sobre isso. E vamos exercitar o nosso amadurecimento. Indubitavelmente, a emancipação da mulher leva à emancipação do homem, que perde uma escrava, mas reencontra uma companheira na cumplicidade, na ternura, na estima, restaurando dessa forma, valores femininos como intuição, perspicácia, tolerância e imaginação.
Lygia Prudente

Essa é uma merecida homenagem à MULHER pela sua persistência, pelo seu poder interior, pela sua meiguice, pela sua força e pelo seu embutido espírito de liderança e, como já disseram...

“Nada mais contraditório do que ser mulher...
Mulher que pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções num só dia, e transmite cada uma delas num único olhar.
Que cobra de si a perfeição e vive arrumando desculpas para os erros daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas, dá a luz, e depois fica cega
diante da beleza dos filhos que gerou.
Que dá as asas, ensina a voar, mas não quer ver partir os pássaros,
mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda que seu amor nem perceba mais tais detalhes.
Que, como uma feiticeira, transforma em luz e sorriso as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem de ser forte para dar os ombros para quem neles precise chorar.
uma mulher!” (?)

5 comentários:

tesco disse...

É engano pensar que o mundo ocidental tenha sido frio e mecânico devido ao domínio masculino. No oriente as mulheres não eram tratadas de forma diferente. Veja-se Japão, China, Índia e Oriente Médio. E o que havia não era falta de sensibilidade, mas falta de interesse, tanto do homem, quanto da mulher, que assumiu novas responsabilidades sem largar as antigas. Oxalá possa um predom´nio feminino gerar nova modalidade de visão de mundo pelo homem. _Beijos.

lpzinho disse...

Olá Lygia!
Faz tempo que eu não apareço aqui mas pra variar, como sempre tem excelentes textos, cheguei num dia em que o foco é o sexo feminino, ou em outras palavras os seres mais evoluídos do planeta.
Olha... sinceramente eu só tenho a aplaudir teu texto.
Tenho uma posição em relação à mulher que é fruto do q meu pai e minha mãe me ensinaram. O respeito está em primeiro lugar e isso inclui a admiração pelo valor, pela essência da MULHER e é claro, faz com que eu veja o homem como alguém q não merece na verdade, conviver com a MULHER.
Enfim.. mto a pensar e dizer mas em particular, não gosto de comemorar nem enaltecer o dia internacional da mulher, nem a semana pq me faz pensar que nos outros dias ninguém haverá de se lembrar da Mulher como alguém a ser vista com educação, carinho e admiração... quanto mais com respeito. Eu acredito em 365 dias universais da MULHER!
Um beijo e td de melhor pra vc!! =)

Lygia Prudente disse...

Olá Ipizinho e Tesco!
Tenho andado um pouco afastada do passeio pelos blogs ( tenham certeza que gosto muito de visitar o de vocês), até dos que acompanho frequentemente, devido ao trabalho (dirijo uma instituição educacional) que, ultimamente, ocasionada por acúmulo de funções, tem tomado todo o meu tempo. Mas, aos poucos, retomo o meu hábito de escrever, que só me dá prazer. Aliás, a alavanca para a criação do Portfólio foi exatamente essa paixão. E como professora, considero um exercício, do qual não posso nunca me afastar. Mas, ao agradecer a visita de vocês, sempre fiéis, quero fazer uma colocação importante: a princípio, enfatizar a minha posição como mulher - não feminista. A minha criação se deu num ambiente em que a leitura sempre foi valorizada e considerada a porta do conhecimento e do crescimento pessoal. E, logicamente, isso aflora e solidifica o que já é intimamente seu, a sua forma de pensar, o seu jeito de ser, e fortalece a sua intuição no sentido de poder manifestar os seus pensamentos, independente de ser ou não mulher, tranquila e fluidamente. Quando eu e Armando decidimos que constituir uma família, nossa, era o mais certo que tínhamos a fazer, tive (como mulher) a sorte de encontrar um companheiro evoluido, que pudesse, pelo menos aos poucos, aceitar-me assim, comunicativa, ousada no sentido de buscar sempre o que acha certo, coerente, principalmente quando isso diz respeito à igualdade de direitos em termos de participar ativamente da vida a dois, educando filhos, dividindo responsabilidades, o ônus e o bônus. Não daria certo se fosse diferente( casamos muito cedo, há 36 anos), até porque, como professora, vivencio diariamente com o tradicional e com o novo, com jovens e com maduros, com retrógados e com modernos. E, aqui para nós, é muito bom ser você mesmo, não é? Então... as colocaçõe que fiz sobre a mulher partem de observações, de análise sociológica que costumo fazer nas minhas andanças ao shopping, à praia, ao supermercado, quando, por vezes, presencio mulheres humildes(na sua condição de mulher enquanto SER), dependentes total e inteiramente, PEDINDO ao companheiro permissão para comprar um produto que, na visão dele é considerado desnecessário, e tem como resposta um não, expresso no mais alto do pedestal da imponência masculina( inegavel que existam homens que pensam assim). Isso, que é somente um exemplo dentre muitos outros) realmente me incomoda, não consigo comnpreender como uma criatura que partilha uma vida, uma cama, uma história, tenha que ser tratada como subalterna, escrava mesmo. Bom, mas não estou aqui para convencer quem quer que seja, e sim, para despertar para situações muito mais corriqueiras do que se pode imaginar e, acima de tudo, fazer a minha parte.
Um abraço,
Lygia Prudente

lpzinho disse...

Olá Lygia, aproveitando a deixa e recomentando este post!
Creio que entendi o que Vc escreveu e sinto que de algum modo apesar de não ser mulher, penso de forma parecida. O fato é... na minha cabeça por mais que se diga que mulheres e homens sejam seres iguais, eles não o são. O mundo em suas tradições é infelizmente machista. Concordo novamente com as tuas palavras sobre o tema, quando diz sobre esta subserviência que o homem quer de sua companheira em relações, digamos afetivas.
Está mais do que claro que o conceito de relação afetiva para grande parte dos homens se resume no fato de ele, o macho da espécie ser maior, mais forte, prover o lar com o que ele obtém no seu trabalho em troca de uma casa limpa, comida quente e sexo. A mulher como se sabe não é assim em geral. A Mulher pelo que eu sinto imagina o seu companheiro de relação como alguém em quem ela possa confiar, conversar, partilhar emoções e não apenas ser uma espécie de escrava ou objeto de satisfação sexual. Infelizmente são poucos os homens diferentes deste estereótipo, da mesma forma que são ainda muitas as mulheres que se rendem a este modo de vida.
Por esta razão eu digo... deveríamos ter 365 dias universais da mulher. Vou escrever sobre isso no domingo, mas minha linha de pensamento e conduta é justamente esta... a MULHER precisa e merece ser vista como se estivesse num pedestal. Não é uma posição machista nem feminista. É a forma que eu vejo a coisa. E o homem deveria tentar aprender(ou ser educado desde cedo)para entender que ser macho não é ser egoísta, falastrão, ignorante ou burro.
É isso... desculpe por escrever tanto! Vou ler o post atual! Um grande beijo!^^

Daniel Savio disse...

Bela homenagem as mulheres, mas bem como você fez questão de lembra: "É importante salientar que o ser homem e ser mulher, tende a variar em função de épocas e culturas", na antiguidade, era dada mais importancia a força e a coragem (não que as mulheres não tivessem coragem, mas falta a força bruta), agora se dá mais importância a gerir pessoas (bem como os conflitos pessoais que cada um tem) e isso as mulheres são muito melhores que os homens.

Fique com Deus, menina Lygia.
Um abraço.