domingo, 20 de setembro de 2009

Uma Crônica - permeada de saudade - para MARILDA PERES LEITE.

"Às vezes precisamos 'perder' algo, para que ele possa brilhar como uma estrela no céu.” “Dona” Marilda, não há verdade além desta, manifestada através da gratidão dolorida do sergipano, que triste se levanta e aplaude, para reconhecer seu generoso, permanente, constante e insistente trabalho que, ao longo do tempo, e imbuída de um sublimado espírito cristão, transformou a vida de milhares de pessoas amparadas pelo milagre do amor que a Casa Maternal Amélia Leite, fundada por seu sogro, Dr. Augusto Leite, vem semeando na comunidade. O sofrimento não marca hora para atingir as pessoas. A fome que desnutre, mata e assola, é diária. E o socorro também tem que ser, diário e permanente. A senhora percebeu isso muito cedo e se doou à causa tão veementemente, alheia à delicadeza da sua saúde, alimentando-se da ferrenha decisão de ficar entre nós, até que a vontade do Senhor interferiu de forma contrária à sua. Não podemos deixar de enaltecer o seu trabalho, que recriou, na comunidade carente até de amor, o espírito cristão. Em tempos tão conturbados, marcados pela violência urbana, consumismo desenfreado e degradação de costumes, mostrou, na prática, o significado verdadeiro da palavra solidariedade, estendendo a sua mão amiga e carinhosa, levando conforto, esperança e qualidade de vida aos que mais precisam. Jamais a esqueceremos, porque a saudade é uma dor forte. Saudade é lembrança de alguém que o tempo levou. Saudade da companhia, da partilha dos nossos problemas, das confidências, das conversas sempre muito lúcidas. Mas, não resta apenas saudade. De uma coisa temos a certeza: na mais pura expressão da palavra, a senhora foi uma MÃE! Deus a criou forte e, como árvore, estendeu seus ramos generosos sem escolher os que se abrigariam à sua sombra. E quantos se abrigaram. E agora percebemos o quanto estivemos perto da ternura que tudo acalanta e compreende. Ante a sua ausência física, o consolo é o de carregarmos no coração as sementes da solidariedade, da bondade, da harmonia e a certeza dos seus ensinamentos, a maioria deles, no silêncio das suas ações. Descanse, “Dona” Marilda, e usufrua da paz que a senhora sempre proporcionou.

Lygia Prudente

6 comentários:

Daniel Savio disse...

Bela homenagem, mas você não perderam (totalmente) ela, pois ela está no coração de todos que ela marcou...

Fiquem com Deus, menina Lygia e menino Armando.
Um abraço.

Lygia Prudente disse...

Que bom tê-lo de volta, Daniel. Também estou retomando as minhas postagens, inclusive com Twitter e Facebook. Visite também o Criativos e Gloalizados.
www.twitter.com/lygia_prudente
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Quanto à postagem, a protagonista fará efetivamente muita falta pelas suas ações coerentes em benefício de pessoas carentes. Para voc~e ter idéia, a instituição a qual me refiro, mantém um programa de acolhida a jovens carentes, prematuramente gestantes, preparando-as profissionalmente para o enfrentamento do mercado de trabalho assim que tiverem condições, com a meta nobre de fazê-las buscar o sustento para si e para o filho. Mas, estará sempre "presente", com certeza, no coração de todos.
Um abraço.
Lygia

Barbara disse...

Que os frutos dessa árvore deixem que caiam as sementes no chão da saudade e que esses se transformem em muitas outras árvores...

Graça Pereira disse...

Uma homenagem sentida como esta, por alguém que passou pela vida, fazendo o bem, chega ao céu e os anjos, batem palmas. Um beijo Graça

Daniella Peres de Freitas disse...

Cara Lygia,

O meu muito obrigada pela crônica que fez para tia Marilda. É bela e muito verdadeira,pois retrata fielmente o perfil dela.
Os seus ensinamentos ficarão para sempre em nossos corações e a saudade também...
Daniella Peres de Freitas

Lygia Prudente disse...

Daniela, foi muito bom saber que eu consegui captar fielmente a pureza do espírito de uma pessoa que dedicou grande parte da sua vida ao bem-estar do outro, incontestavelmente, D. Marilda. Fico contente de tocar a sua sensibilidade, numa prova de que ela era realmente como eu a percebia. Que essa gratidão "pública" sirva de consolo ao seu lamento. Um abraço, Lygia