domingo, 23 de novembro de 2008

Coronelismo de Fraque


Sidarta Gautama – Buda – diz que “para alcançar a sabedoria, o indivíduo tem que abrir um caminho de dentro para fora, ao invés de tentar absorver a luz, supondo que ela se encontre além de si mesmo”. Sábio esse “cara” não é mesmo? Há uma necessidade imperiosa, característica dos ditos tempos modernos, que nos acostumemos a perceber coisas que no primeiro momento nos fogem, aguçando cada vez mais o nosso senso comum, porque é dele que se manifesta, em todas as ações que praticamos, os nossos valores morais, herança dos nossos pais, de inestimável valor. Constata-se, na modernidade, a ausência de princípios como a solidariedade, o respeito pelo outro, a partilha e, em contrapartida, semeia-se a discórdia, a ambição exarcebada, o poder do dinheiro – que tudo compra e tudo pode, fazendo desaparecer os limites e enaltecendo, cada vez mais, a vontade de poucos, alicerçada pelo preconceito latente e a naturalidade dos atos praticados para se chegar ao alcance de objetivos ilógicos e, acima de tudo, sórdidos. O bom disso tudo é que ainda consigo ficar surpresa e estupefata ante fatos desta natureza. Quanta hipocrisia no lidar com pessoas, “socialmente” falando, falsidade e “jogo de cintura”, que permeiam as relações dos “poderosos”, dos donos do dinheiro, no mundo atual, predominantemente alicerçada pela vontade de vencer sempre. Sentimos falta de “berço” – no sentido da formação e da educação familiar, com princípios nobres fortemente arraigados e indispensáveis na construção do sujeito coerente, completo, que contribua positivamente para a sociedade na qual está inserido, independente do patrimônio material que o acompanhe. Não é a modernidade que vai estabelecer parâmetros como este, e sim, cada um de nós, dentro do que temos como importante e norteados pela escala de valores advinda do nosso senso comum, a nossa intuição, produto da nossa formação. A globalização impõe regras - quando estimula a competitividade desenfreada - que precisam ser avaliadas. Devemos absorver e tomar como parâmetros aquilo que detectamos como enriquecedor, porque o que conquistamos de puro e durável da vida atribulada que levamos, são as relações com as pessoas que pensam igual. E a estas temos a obrigação de não decepcioná-las. Sejamos a essência do nosso interior e assim estaremos fortalecidos para enfrentar o mal com o qual convivemos diariamente, camuflado em peles de cordeiros.


Lygia Prudente

4 comentários:

Daniel Savio disse...

Texto que explica bem o que é o mundo atual...

Mas sempre há farois que nos guiam e meio deste tempos negros.

E você, Lygia, é uma desta pessoas.

Fiquem com Deus, você e Armando.
Um abraço.

lpzinho disse...

Olá Lygia!
É o meu primeiro comentário em algum dos seus textos, que por sinal já andei lendo e confesso, admiro a sua maneira de escrever e pensar.
Do presente post, me chamou a atenção estes parágrafos finais:
"A globalização impõe regras - quando estimula a competitividade desenfreada - que precisam ser avaliadas. Devemos absorver e tomar como parâmetros aquilo que detectamos como enriquecedor, porque o que conquistamos de puro e durável da vida atribulada que levamos, são as relações com as pessoas que pensam igual. E a estas temos a obrigação de não decepcioná-las. Sejamos a essência do nosso interior e assim estaremos fortalecidos para enfrentar o mal com o qual convivemos diariamente, camuflado em peles de cordeiros."
Não vou entrar em detalhes, mas de certa forma fui sentindo na carne a experiência de precisar encontrar e manter minha própria essência fortalecida diante de atribulações e decepções.
Enfim, hoje de novo ando sorrindo para a vida e sinto que ela me sorri tb!
Parabéns pelo blog! =)

tesco disse...

A globalização aqui é enfocada somente pelo ponto de vista comercial, mas não devemos nos esquecer que globalização abrange também a disseminação de todos os valores culturais pelo planeta. Foi assim que os ensinamentos do Buda chegaram até nós, foi assim que a pólvora, a bússola e o papel entraram na Europa, é assim que, indiscriminadamente, os inventos circulam por todo o mundo. Globalização também é coisa boa. _ Beijos.

tesco disse...

Prezada Lygia, desculpe-me ter deixado minha casa abandonada, não esperava visitas por lá. Agradeço-lhe a réplica, mas quem não se fez entender fui eu. Queria apenas ressaltar que o aspecto que você enfoca não é o único, embora seja o mais visível. Aproveito para convidá-la a comparecer na inaugração oficial do "tesco
aqui", que pretendo que seja no próximo doingo, dia 30. O que planejo postar lá são coisas amenas, mas conto com sua importante visita. _ Beijos.