As fogueiras já começam a esquentar as noites juninas,
convidando a todos a adentrar no arraial e lá envolver-se na magia dos hábitos
e costumes da nossa terra, carregados de conteúdos simbólicos e afetivos. Aprendi
muito cedo, com os meus pais, a alimentar o gosto pelas festas juninas e criei
os meus filhos no exercício das nossas tradições. Nutria um prazer enorme em
cumprir, à risca, os hábitos aprendidos na infância e preparava todo o ambiente
para a comemoração do São João, inclusive vestindo os meus filhos a caráter,
cujas roupas eram por mim idealizadas e confeccionadas. A rua em que moramos
sempre foi muito movimentada, porque nela moravam e ainda moram famílias
antigas no endereço e, coincidentemente, com filhos na mesma faixa etária, o
que proporcionou a intimidade maior entre todos e uma festa completa e muito
animada. Depois que “as crianças” casaram e se foram para a nova vida, houve
uma certa ruptura no calendário festivo da rua, porque elas, as “crianças”,
eram a razão de toda animação. Estamos, ansiosamente, aguardando a geração dos
netos – que já chegam aos poucos - desses moradores, para um novo ciclo junino.
Assim, e mais uma vez, as lembranças não nos deixam, e entre nós moradores que compomos
a geração “antiga”, falamos muito disso tudo e sentimos saudades dos tempos áureos
dos festejos juninos na nossa morada: a falta de fogueiras em todas as portas,
a animação das quadrilhas improvisadas, do café da manhã que preparávamos para
os filhos que passavam a noite no arraial instalado no meio do trecho, e de
todos, sem distinção, reunidos em torno do calor humano proporcionado pelo
calor da fogueira e da partilha de momentos tão bons. E viva o São João, a
festa maior do nordestino que se preza!
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