Vamos ampliar os nossos horizontes no que se refere à cultura geral, absorvendo o artigo do Prof. Ludwig Oliveira:
O Bandoleiro da Sintaxe
Ludwig Oliveira
Vai longe o tempo em que briga político-partidária era levada ao extremo e de alto nível intelectual. O jornalista, letrista e escritor Davi Nasser, que nasceu na cidade paulista de Jaú, em 1017, e morreu no Rio de Janeiro em 1980, aos 13 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a viver de sua féria como vendedor ambulante. A partir dos anos 50, tornou-se, ao lado de Jean Manson, um dos mais bem sucedidos repórteres e articulistas políticos na revista O Cruzeiro. Marcou sua vida como compositor com “Normalista”, ao lado de Benedito Lacerda; “Hoje quem paga sou eu” e “Carlos Gardel”, ambas com Herivelto Martins; todos gravados por Nelson Gonçalves. Foram seus principais parceiros: Alcir Pires Vermelho, Custódio Mesquita, Roberto Martins, Armando Cavalcanti, Klécius Caldas e tantos outros. Pois bem, Davi Nasser costumava fazer algumas críticas àqueles políticos que ‘tropeçavam’ em suas oratórias, chegava a ser até um tanto contumaz. Certa feita, escreveu em sua coluna, na revista O Cruzeiro, um artigo com o título, “O Bandoleiro da Sintaxe”, fazendo menção jocosa, degradante, ao grande líder político Leonel Brizola por não usar corretamente algumas concordâncias verbais e/ou verbo-nominais. Leonel Brizola era do tipo que se achava eloqüente e que usava de uma facúndia escorreita, castiça (imaginem se ambos fossem vivos: Nasser e Brizola, iriam ficar embevecidos, galvanizados, com os Rolas, Birrôlas, Xiribitas... e a ladroagem, o banditismo de um partido que apregoou moralidade por quase 30 anos. “Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor”, de autoria de Manoel Bandeira, do livro “Estrela da Vida Inteira”, p.98). Mas não era bem assim não. Ele, Brizola, aqui, acolá, estava cometendo alguns equívocos em nossa língua pátria. Taí, o motivo que levou Davi Nasser a rotular Brizola de “Bandoleiro da Sintaxe”, pois o mesmo não se fez de rogado e, aureolado a dois brutamontes (quebra-facas, súditos, baba-ovos, puxa-saco) mandou um “tortolho” no queixo de Nasser, que foi a nocaute. Qual foi o epílogo da contenda Nasser x Brizola? Nasser fez um segundo artigo e intitulou de: “O Coice do Pangaré”.
(*) Radialista e Professor
(artigo publicado originalmente no JORNAL DA CIDADE , Aracau/SE, em 05 de setembro de 2006)
Lygia Prudente