
Novamente as vivências de cada um vêm alicerçar uma defesa em favor do supremo direito que temos de fazer uma leitura de mundo. Por sua vez, essa leitura enriquece e amadurece o indivíduo, tornando-o forte e suscitando-lhe a necessidade de se manifestar, expondo o seu pensamento com a tranqüilidade proveniente da segurança de que tem valor aquilo que ele consegue externar. Isso é uma característica do mundo moderno, pela possibilidade de acesso imediato às informações e ao poder de comunicação que se estabelece com mais facilidade, através dos meios tecnológicos. Em muitas salas de aula, ainda, fica muito evidente a forma prosaica com que são elaborados os instrumentos de avaliação e o processo de construção do conhecimento. É preciso que haja um despertar no sentido de se enxergar o aluno como pessoa e que ele, com a sua vivência, faça o seu papel de disseminador da sua cultura e do seu saber, enriquecendo o ambiente de sala e daí, o encontro das vivências e experiências, tende a ser um novo mundo de descobertas e enriquecimento cognitivo e cultural. Por isso mesmo, a pedagogia mais evoluída percorre agora o caminho do investimento no hábito da leitura, esse meio simples e eficiente na aquisição do conhecimento. Afinal de contas... ler não dói! O exercício da leitura, incontestavelmente, aguça a percepção, tão importante para a interpretação de mensagens. E quando falamos de interpretação, estamos a falar do sujeito “no mundo”, de como ele se sente frente a tudo que se passa ao seu redor e, a partir daí, chega às suas próprias conclusões, sem receio de julgamentos de outros. Para ilustrar esse raciocínio, vale a pena falar sobre um filme nacional - DIVÃ ( muito bom ), cujo enredo traz à tona a complexidade das relações: Mercedes (Lília Cabral) nesse filme, assume as suas incoerências e indecisões e sai na busca de respostas que possam solidificar as suas iniciativas a partir do seu verdadeiro “eu”, colocando, inclusive, em risco uma relação de 20 anos, porque se descobriu enquanto pessoa, com vontades e sonhos – “realizáveis e irrealizáveis”. Não podemos esquecer que “as aparências enganam” e que os fatos e acontecimentos precisam ser analisados para que se tornem compreensíveis para nós mesmos, sem, contudo, isolá-los do contexto no qual estão inseridos.
Vamos exercitar um pouco esse conceito? Façamos um jogo e vendo o vídeo abaixo, cheguemos às nossas próprias conclusões. E, assim, constatemos a diversidade de formas de interpretar, analisando o que representa a personagem no contexto da vivência de cada um.
Lygia Prudente