terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Nasser e Brizola

Vamos ampliar os nossos horizontes no que se refere à cultura geral, absorvendo o artigo do Prof. Ludwig Oliveira:

O Bandoleiro da Sintaxe

Ludwig Oliveira


Vai longe o tempo em que briga político-partidária era levada ao extremo e de alto nível intelectual. O jornalista, letrista e escritor Davi Nasser, que nasceu na cidade paulista de Jaú, em 1017, e morreu no Rio de Janeiro em 1980, aos 13 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a viver de sua féria como vendedor ambulante. A partir dos anos 50, tornou-se, ao lado de Jean Manson, um dos mais bem sucedidos repórteres e articulistas políticos na revista O Cruzeiro. Marcou sua vida como compositor com “Normalista”, ao lado de Benedito Lacerda; “Hoje quem paga sou eu” e “Carlos Gardel”, ambas com Herivelto Martins; todos gravados por Nelson Gonçalves. Foram seus principais parceiros: Alcir Pires Vermelho, Custódio Mesquita, Roberto Martins, Armando Cavalcanti, Klécius Caldas e tantos outros. Pois bem, Davi Nasser costumava fazer algumas críticas àqueles políticos que ‘tropeçavam’ em suas oratórias, chegava a ser até um tanto contumaz. Certa feita, escreveu em sua coluna, na revista O Cruzeiro, um artigo com o título, “O Bandoleiro da Sintaxe”, fazendo menção jocosa, degradante, ao grande líder político Leonel Brizola por não usar corretamente algumas concordâncias verbais e/ou verbo-nominais. Leonel Brizola era do tipo que se achava eloqüente e que usava de uma facúndia escorreita, castiça (imaginem se ambos fossem vivos: Nasser e Brizola, iriam ficar embevecidos, galvanizados, com os Rolas, Birrôlas, Xiribitas... e a ladroagem, o banditismo de um partido que apregoou moralidade por quase 30 anos. “Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor”, de autoria de Manoel Bandeira, do livro “Estrela da Vida Inteira”, p.98). Mas não era bem assim não. Ele, Brizola, aqui, acolá, estava cometendo alguns equívocos em nossa língua pátria. Taí, o motivo que levou Davi Nasser a rotular Brizola de “Bandoleiro da Sintaxe”, pois o mesmo não se fez de rogado e, aureolado a dois brutamontes (quebra-facas, súditos, baba-ovos, puxa-saco) mandou um “tortolho” no queixo de Nasser, que foi a nocaute. Qual foi o epílogo da contenda Nasser x Brizola? Nasser fez um segundo artigo e intitulou de: “O Coice do Pangaré”.


(*) Radialista e Professor

(artigo publicado originalmente no JORNAL DA CIDADE , Aracau/SE, em 05 de setembro de 2006)

Lygia Prudente

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Casa de "Vó" (2)


Falamos da importância do contato, mesmo que esporádico, com todos que integram a nossa família, quando aproveitamos o período natalino e relatamos as lembranças inesquecíveis enraizadas nos nossos corações, do Natal da Casa de “Vó”. Percebemos que esse sentimento de saudade é universal, pela acolhida que teve aquele depoimento e pelos comentários entusiasmados despertados pelas lembranças pessoais. Por isso mesmo, e aproveitando o Carnaval, voltamos à Casa de “Vó”. Eu, Armando e nossos dois filhos, Simone e Guilherme, passávamos o Carnaval na casa de Edson e Luiza, cunhado e irmã de Armando, em Pirambu. Lá pelos idos de 1993, inauguramos a casa e daí em diante ela passou a ser o point dos feriados prolongados. Além dos proprietários serem simpáticos e acolhedores anfitriões, Pirambu é uma praia do litoral norte de Sergipe/Brasil, e, por si só, era atraente programação, principalmente para adolescentes. O Carnaval representava “lotação completa”, porque lembro bem, em um desses feriados, tivemos o prazer (nisso tem os dois lados da moeda: o trabalho e a alegria que tudo isso proporcionava) de reunir 42 pessoas. Nós locávamos uma “topic” e, além de nós quatro, iam também conosco primos e amigos, tanto de Guilherme quanto de Simone, sem falar nos demais convidados dos anfitriões, na sua maioria familiares de Edson. As tarefas domésticas e as despesas eram, na medida do possível, distribuídas entre todos numa partilha clara do ônus e do bônus, normalmente gerados por momentos marcantes. Como se pode imaginar, não havia tranqüilidade nem calmaria, porque o movimento do entra e sai de adolescentes era alucinante. Incrível como eles não cansam na mesma proporção que nós. A pracinha onde ainda acontece o carnaval, fica bem próxima do nosso endereço e a facilidade das cidades pequenas do trânsito fácil e seguro, permitia que liberássemos a programação dos jovens, desde que essa liberdade ficasse atrelada à horários e outros compromissos. A hora das refeições era uma verdadeira “festa de Babete”, pela quantidade de comida que se preparava. Eu levava para o primeiro dia da estadia, um caldeirão de feijoada. E íamos diversificando o cardápio nos outros dias. À noite, antes de irmos à pracinha, era saboreado por todos um “cachorro-quente” com refrigerante. Para que se tenha uma idéia, comprávamos por noite, cerca de 100 (cem) pães. A casa ainda era pequena, embora tivesse três quartos, e os jovens dormiam na garagem, nos dois primeiros anos, considerando que os quartos eram destinados aos casais e aos mais velhos – D. Iracema e D. Aliva, mães de Edson e de Luiza, respectivamente e, fisicamente, não mais entre nós. Depois, a casa foi crescendo na sua estrutura. Bons tempos passam depressa e os filhos crescem sem que percebamos. Pois é, os nossos cresceram, constituíram família também, e a Casa da “Vó” de Pirambu, por um período, perdeu aquele “helan”. Hoje, eu estou voltando aos velhos tempos, e retomei o carnaval passado em Pirambu, de onde agora publico essa postagem, e onde se reuniram, novamente, os não mais adolescentes – nossos filhos, desta feita com os seus rebentos, nossos netos e sentindo a ausência a esse reencontro de Guilherme que, atualmente, mora em São Paulo. Carinhosamente, dedico esse registro à Luiza e Edson por poderem ter proporcionado todo esse turbilhão de vivências e sentimentos. Posso dizer que tudo vem à tona, como boas e acalentadoras lembranças de tempos que não voltam mais, tempos do Carnaval da Casa de “Vó” de Pirambu.


Lygia Prudente